NOVO JORNAL NÃO GOSTA DOS ÍNDIOS
Na edição de 13 de janeiro de 2010 (Ano 01 - n° 48), o Novo Jornal apresentou, logo na capa, a fotografia de um dos indígenas mais ativos da comunidade Catu dos Eleotérios - o pedagodo Vando, 49 anos.
Segurando um maracá (instrumento sagrado para os índios do litoral brasileiro), sentado em frente a um computador (seu instrumento de trabalho), Vandré Gecílio foi maliciosamente apelidado de "Índio Banda Larga". Na matéria (página 08), tão bizarra quanto a do sr. Cassiano Arruda Câmara (18/01/2010), uma série de inverdades. Vejamos algumas das mentiras deslavadas do Novo Jornal:
"ÍNDIOS DO NORDESTE PROTESTAM CONTRA MUDANÇA NA FUNAI" - É título da matéria.
Após comentar o protesto que índios nordestinos realizaram na sede da FUNAI, em Brasília, os "artistas" do Novo Jornal tratam do Catu.
"Nem associação indígena reconhece "tribo" do RN"
"No Rio Grande do Norte, existem quatro comunidades de descendentes indígenas, nos municípios de Assu, Goianinha, João Câmara e Canguaretama, nenhuma delas reconhecida pela FUNAI ou pela Associação dos Povos Indígenas do Nordeste (APOINME)."
NOTE A MALÍCIA OU IGNORÂNCIA DO REDATOR: ESSAS COMUNIDADES ESTÃO EM PROCESSO DE RECONHECIMENTO. COMO JÁ FOI DITO NESTE BLOG, FUNAI E GOVERNO FEDERAL REALIZARAM EM NATAL/RN - DE 11 A 14 DE DEZEMBRO DE 2009, A PRIMEIRA ASSEMBLÉIA INDÍGENA DO RIO GRANDE DO NORTE - RECONSTRUINDO A CIDADANIA, NA QUAL ESTIVERAM PRESENTES REPRESENTANTES DAS QUATRO COMUNIDADES. MEMBROS DESSAS COMUNIDADES PARTICIPARAM DA VI ASSEMBLÉIA DA APOINME, NA PARAÍBA, EM 2005.
SEGUE O NOVO JORNAL SUA SÉRIE DE FALÁCIAS:
"Apesar da ascendência declarada, a comunidade em nada lembra uma aldeia indígena. Os descendentes moram em casas de alvenaria, com água encanada, luz elétrica e utensílios domésticos como televisão, computador, fogão e geladeira. Nenhum dos moradores pratica a agricultura, caça ou pesca."
COMO JÁ FOI DITO NESTE BLOG, O FOGO DA USINA DESTRUIU CONSIDERÁVEL PARTE DA FAUNA E DA FLORA NATIVAS - ENTRETANTO, EMBORA PRATICAMENTE NÃO EXISTA MAIS O QUE SER CAÇADO, A MAIORIA DOS MORADORES DO CATU SOBREVIVE DA AGRICULTURA. AS FAMÍLIAS QUE POSSUEM MEMBROS COM EMPREGOS INFORMAIS OU CARGOS PÚBLICOS, NÃO DEIXAM DE POSSUIR SUA HORTA, COLETAR FRUTAS E PESCAR. O AUTOR DESSA MATÉRIA ESTEVE REALMENTE NO CATU? SE ESTEVE, FECHOU OS OLHOS PARA A REALIDADE DA COMUNIDADE.
"O tupi, língua nativa dos povos indígenas da região, sobrevive em palavras soltas memorizadas pelos mais velhos. Mesmos esses não aprenderam a língua pela tradição oral dos ancestrais, mas com um professor de tupi que vem de Natal duas vezes por semana, para ministrar aulas na escola João Lima da Silva, localizada dentro da comunidade".
A PARTIR DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII, O TUPI, A LÍNGUA ATÉ ENTÃO MAIS FALADA NO LITORAL BRASILEIRO, FOI PROIBIDA POR MARQUÊS DE POMBAL - O QUE LEVOU TAL LÍNGUA A SUA QUASE TOTAL EXTINÇÃO EM CONSIDERÁVEL PARTE DO TERRITÓRIO BRASILEIRO. ATUALMENTE HÁ ESCOLAS INDÍGENAS NAS QUAIS OS DESCENDENTES APRENDEM O TUPI ANTIGO - ESCOLAS LOCALIZADAS, POR EXEMPLO, NA PARAÍBA E NO ESPÍRITO SANTO. O QUE IMPEDIRIA OS MORADORES DO CATU DE REAPRENDEREM A LÍNGUA NATIVA?
O NOVO JORNAL COLOCOU UMA FOTO DO DESCENDENTE TAPUIA MANOEL SERAFIM SOARES, 63 ANOS, E ACRESCENTOU: "acredita que é índio porque ouviu isso do pai". TERRÍVEL BRINCADEIRA DE MAU GOSTO ATRAVÉS DA QUAL A TRADIÇÃO ORAL DOS MEMBROS DA COMUNIDADE É DESPRESTIGIADA.
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