MENSAGEM AOS JUREMEIROS E JUREMEIRAS DO BRASIL
Amados Irmãos e Irmãs de Fé, saudações de um caboclo Potiguara!
Nascia, em ambiente de mutações e exploração, nosso sagrado Catimbó-Jurema. Os jesuítas e demais missionários não entendiam como, através de fumaças de plantas, nossos pajés e pretos velhos curavam doenças do corpo e da alma de um sem fim de necessitados. Trataram de tachar nossa FUMAÇA de feitiçaria e tão entranhada está essa definição equivocada nas almas da maioria das pessoas que o juremeiro continua sendo depreciado, malvisto até por membros de cultos afro-brasileiros e espíritas. Nosso culto é conhecido em muitos meios como "baixo espiritismo", sendo esse um dos mais suaves adjetivos empregados por pessoas "ilustres" e "conceituadas".
Eu bem sei, amados Irmãos e Irmãs, que em muitos ambientes não é fácil responder a uma simples pergunta, como "Qual é a tua religião?". Muitos umbandistas e candomblessistas sentem o peso dos séculos de perseguição e deturpação quando lhes fazem essa pergunta e muito sem jeito geralmente respondem com um vago "sou espírita" ou um ainda mais vago "sou católico". Ainda mais o juremeiro, o catimbozeiro...
Amados(as) parentes, a época das perseguições inquisitoriais acabou. Ser discreto não significa anular-se como ser humano. Não podemos permitir que uma nova inquisição, sutil ou abertamente propalada pela mídia, seja levantada. Exijamos nossos direitos, exijamos respeito aos nossos valores ancestrais, aos nossos terreiros, ocas, cabanas e casas consagradas; exijamos reverência à nossa Fé indígena-afro-cristã - matriz cultural e espiritual da atual sociedade brasileira - do mesmo modo que devemos saber respeitar, buscar e reverenciar a convivência harmônica com membros de credos distintos dos nossos. Chegou a hora de desmentir e desmistificar, através da educação e de esclarecimentos diversos, a mentira histórica que pesa sobre os cultos juremeiros: a Jurema Indígena e Cabocla, o Toré e a Pajelança; a Jurema de Mestre, nossas Mesas e Engiras sagradas; a Jurema de Umbanda; a Jurema Africanizada dos Pretos Velhos.
Eduquemo-nos cada vez mais. Conheçamos os princípios, as histórias, os mitos e os fundamentos de nossas crenças e cultos. Respeitemos a Mãe Natureza, suas plantas de Ciência e de Poder e todas as suas diversas manifestações. Esclareçamos nossos filhos e filhas, tanto os biológicos quanto os de fé. Saudemos respeitosa e amavelmente nossos Encantados, nossos Índios, Pajés, Caboclos, Ancestrais e demais espíritos do Universo. Guardemos em nossos corações e mentes o que for de mais sagrado, o que Deus revela e permite ser revelado a cada um de nós e que só nossas almas são capazes de compreender - nossos Mistérios - para que possamos crescer valorosamente como juremeiros e juremeiras, mas principalmente como filhos de um mesmo Planeta e de um mesmo DEUS PAI TODO PODEROSO que é AMOR PURO.
Caríssimos(as), 500 anos de opressão foram incapazes de dar sumiço aos nossos cultos. Entretanto, deixaram marcas profundas e sensíveis em nossos corpos, em nossas mentes e em nossas almas.
Os colonizadores, europeus que invadiram as Américas dispostos a se tornarem senhores da Terra e das almas que aqui há milhares de anos viviam, trataram de semear a discórdia e a maldade contra todos e todas que tentavam vislumbrar um pouco de Luz e respirar a menor das menores partículas de Liberdade - realizaram um trabalho tão sujo, tão pesado, tão fraudulento, que até hoje indígenas, africanos, ciganos, judeus, dentre outros que valorizam suas raízes culturais, tradições, história e memória, são vítimas de preconceitos e crimes.
Os indígenas, primogênitos nestas terras em que vivemos, foram os primeiros a sofrer o mal da escravidão econômica e da deturpação ideológica que arrasou suas culturas, principalmente no que se refere a sua vida espiritual - deturpações impostas violenta e sistematicamente pelos "civilizadores" de além mar. Os legítimos donos deste pedaço do mundo que hoje chamamos Brasil, foram escravizados, guerreados, sedentarizados, envolvidos em mentiras e trapaças que continuam roubam-lhes o direito à VIDA, o direito a espiritualidade e religião, o direito à liberdade. Nossas ocas sagradas ainda são queimadas por missionários cristãos; nossos Espíritos protetores, Encantados e Ancestrais, são tachados de demônios por pessoas maldosas que se auto intitulam "servas de Deus" - de um Deus que em realidade nos ama e sempre nos amou, a ponto de virar homem e morrer para nos salvar do ódio e da maldade.
Os africanos foram os segundos a sofrerem o mal da civilização. Assim como os índios, foram separados dos seus parentes, vendidos, escravizados, exterminados. Suas crenças também foram e continuam sendo diabolizadas - nossos sagrados Orixás, Encantados Maiores, Grandes Manifestações do Universo e da Mãe Natureza, ainda são classificados de demônios, por pessoas perversas que desconhecem os fundamentos de nossa Fé e a essência de nossa Religião. Nossos Terreiros ainda sofrem atentados e são inúmeros os que abrem a boca maldosamente para nos classificar de "feiticeiros" e "servos do maligno".
Milhares de anos antes dos europeus invasores pensarem em invadir as Américas, aqui, no hoje geograficamente classificado Nordeste brasileiro, nós já cultuávamos nossos Ancestrais, Encantados e Heróis; já sentíamos as vibrações pulsantes do Grande Espírito Criador através dos frutos que nos dá a Mãe Natureza, dos raios do Grande Avô Sol, da belíssima Avó Lua, da Mãe Terra, do Pai Céu, dos rios e praias, dos animais, dos peixes, das aves, dos insetos e dos nossos diversos parentes seres humanos. Nossos pajés e karaíbas sempre nos ajudaram a entrar em sintonia com as diversas faixas vibratórias do Universo.
Aqui, muitos anos antes do Filho de Deus manifestar-se no mundo, nós já saudávamos com Amor e Fé um presente divino que nos foi deixado pelo Espírito Santo: a Jurema Sagrada. A Sacralidade desta planta foi confirmada pelo Cristo, quando Ele, ainda menino, foi escondido por sua Mãe Maria Virgem Santíssima em um pé da Mimosa, para não ser aprisionado pelos capangueiros de Heródes; quando Ele, durante sua paixão, orava fervorosamente ao Pai, pedindo-lhe que se fosse possível abreviasse seu martírio. As gotas de sangue suadas pelo Filho de Deus mergulharam a terra do Horto das Oliveiras e confirmou, fortaleceu, ampliou a sacralidade da JUREMA, sua Ciência e sua Força, tocando em suas divinas raízes e infundindo-lhes LUZ, PAZ, SAÚDE e AMOR, para além das irradiações que dela já brotavam.
Aos negros que aqui chegaram e que aqui sofreram, foi-lhes concedido a consolação e a firmeza da Jurema, por Obra e Graça da Divina Vontade. Logo, negros e índios uniram-se em espaços de paz, socializando conhecimentos e vivências. De mãos dadas abraçaram cristãos sofredores, judeus, ciganos e outras muitas pessoas que aqui chegaram - independente de seus pecados, de seus vícios e demais fraquezas; independente das cores de suas peles e espessura dos cabelos. Isso porque a JUREMA cura. A Jurema, pacientemente, ilumina, une e esclarece, ressuscita e amplia a Fé, dando-nos nova vida, renovando nossas forças e nossas esperanças.
Nascia, em ambiente de mutações e exploração, nosso sagrado Catimbó-Jurema. Os jesuítas e demais missionários não entendiam como, através de fumaças de plantas, nossos pajés e pretos velhos curavam doenças do corpo e da alma de um sem fim de necessitados. Trataram de tachar nossa FUMAÇA de feitiçaria e tão entranhada está essa definição equivocada nas almas da maioria das pessoas que o juremeiro continua sendo depreciado, malvisto até por membros de cultos afro-brasileiros e espíritas. Nosso culto é conhecido em muitos meios como "baixo espiritismo", sendo esse um dos mais suaves adjetivos empregados por pessoas "ilustres" e "conceituadas".
Eu bem sei, amados Irmãos e Irmãs, que em muitos ambientes não é fácil responder a uma simples pergunta, como "Qual é a tua religião?". Muitos umbandistas e candomblessistas sentem o peso dos séculos de perseguição e deturpação quando lhes fazem essa pergunta e muito sem jeito geralmente respondem com um vago "sou espírita" ou um ainda mais vago "sou católico". Ainda mais o juremeiro, o catimbozeiro...
Amados(as) parentes, a época das perseguições inquisitoriais acabou. Ser discreto não significa anular-se como ser humano. Não podemos permitir que uma nova inquisição, sutil ou abertamente propalada pela mídia, seja levantada. Exijamos nossos direitos, exijamos respeito aos nossos valores ancestrais, aos nossos terreiros, ocas, cabanas e casas consagradas; exijamos reverência à nossa Fé indígena-afro-cristã - matriz cultural e espiritual da atual sociedade brasileira - do mesmo modo que devemos saber respeitar, buscar e reverenciar a convivência harmônica com membros de credos distintos dos nossos. Chegou a hora de desmentir e desmistificar, através da educação e de esclarecimentos diversos, a mentira histórica que pesa sobre os cultos juremeiros: a Jurema Indígena e Cabocla, o Toré e a Pajelança; a Jurema de Mestre, nossas Mesas e Engiras sagradas; a Jurema de Umbanda; a Jurema Africanizada dos Pretos Velhos.
Eduquemo-nos cada vez mais. Conheçamos os princípios, as histórias, os mitos e os fundamentos de nossas crenças e cultos. Respeitemos a Mãe Natureza, suas plantas de Ciência e de Poder e todas as suas diversas manifestações. Esclareçamos nossos filhos e filhas, tanto os biológicos quanto os de fé. Saudemos respeitosa e amavelmente nossos Encantados, nossos Índios, Pajés, Caboclos, Ancestrais e demais espíritos do Universo. Guardemos em nossos corações e mentes o que for de mais sagrado, o que Deus revela e permite ser revelado a cada um de nós e que só nossas almas são capazes de compreender - nossos Mistérios - para que possamos crescer valorosamente como juremeiros e juremeiras, mas principalmente como filhos de um mesmo Planeta e de um mesmo DEUS PAI TODO PODEROSO que é AMOR PURO.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Amada seja sempre nossa Mãe Natureza!
Salve os Catimbozeiros e Catimbozeiras de boa Vontade!
Viva a Força da fumaça de nossos cachimbos!
Saravá, Jurema Sagrada!
Rômulo Angélico - muito feliz no Catimbó que Deus me deu.
Bonito texto, muito esclarecedor!
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